Técnico em Edificações: valorização profissional em tempos de mudança, o papel da escola

Autores

Danilo dos Santos Telechi

Sinopse

E-mail do autor: danilotelechi@ifsul.edu.br
Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/3194128208393065

TELECHI, Danilo dos Santos; DUARTE, Glaucius Décio (Orient.). Técnico em Edificações: valorização profissional em tempos de mudança, o papel da escola. 2022. 168 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação e Tecnologia) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense, Pelotas, 2022.

Resumo

A construção civil demanda que algumas carreiras profissionais sejam regulamentadas, tipicamente engenheiras(os), arquitetas(os) e técnicas(os) em Edificações. Quanto ao nível de educação, as duas primeiras são carreiras de nível superior e a última de nível médio. As carreiras técnicas de nível médio permaneceram, desde a sua legalização, em 1968, por cinquenta anos sendo regulamentadas e fiscalizadas pelos Conselhos Federal e Regionais de Engenharia e Agronomia, sistema CONFEA/CREA. Neste período, possivelmente, dominou um discurso que subordinava tacitamente, desvalorizava e diminuía a importância das carreiras técnicas de nível médio perante a sociedade. Em 2018, com a criação do Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT) há uma importante mudança no cenário político normativo para essas carreiras, com a conquista de sua autonomia. Além disso, está em curso um ciclo de incorporação de tecnologias disruptivas na construção civil, redimensionando espaços de atuação profissional. E ainda, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica está sedimentando uma nova institucionalidade, após a criação dos Institutos Federais, em 2008. A presente pesquisa propôs uma reflexão sobre o papel das escolas na valorização das carreiras técnicas de nível médio, dadas essas mudanças no cenário político, tecnológico e institucional. Ela foi realizada por meio de levantamento documental e de dados disponíveis na Plataforma Nilo Peçanha, com foco nos cursos técnicos em Edificações da Rede Federal, com olhar mais aprofundado nos cursos ofertados pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul). A partir de evidências documentais encontradas, em especial, na história do Curso Técnico em Edificações do Câmpus Pelotas do IFSul, criado em 1968, pode-se fazer uma reflexão sobre os pontos chave para a atuação da instituição escolar no intuito de valorizar as carreiras técnicas de nível médio. Este estudo teve como premissas que a valorização das carreiras técnicas de nível médio não acarretará nenhuma desvalorização para as carreiras de nível superior, e que o acesso ao ensino superior é um direito que deve ser defendido, mas que não se constitui em obrigação para que se alcance a autonomia profissional, pois esta já existe nas carreiras de nível técnico médio. A perspectiva foi de propor a construção de um discurso de valorização e autonomia do profissional técnico em Edificações, em contraposição ao discurso de subordinação tácita que dominou o período de cinco décadas em que essa carreiras estiveram sob os auspícios do sistema CONFEA/CREA. Tal discurso de autonomia pode se constituir numa das linhas de ação da instituição escolar no sentido de fortalecer a sua identidade de escola técnica, e assim valorizar as carreiras técnicas de nível médio. Como resultados da pesquisa, dentre outras coisas, se constatou que dos 121 Câmpus da Rede Federal que ofertavam o Curso Técnico em Edificações em 2017, 3 deles ofertavam também cursos de qualificação profissional, 10 ofertavam também cursos de tecnologia e 33 ofertavam cursos de bacharelado, todos no itinerário formativo do Técnico em Edificações. Em 2021, os cenário se apresentava com 125 Câmpus ofertando cursos técnicos em Edificações, apenas um Câmpus ofertou também cursos de qualificação profissional, seis ofertavam também cursos de tecnologia e 51 ofertavam cursos de bacharelado, indicando uma mudança de cenário, que tende a valorizar uma verticalização calcada no aumento do nível educacional do técnico para o bacharel. Por outro lado, a oferta de cursos de pós formação para técnicos em Edificações, na forma de cursos pós técnicos, ainda é inexpressiva na Rede, sendo ofertado apenas um curso em dois Câmpus neste período. Ainda que se deva considerar os efeitos da pandemia de COVID sobre a dinâmica escolar na Rede Federal, estes dados, juntamente com outros apresentados, permitem assumir que a Rede Federal caminha atualmente numa direção que prioriza o ensino superior em detrimento dos cursos de qualificação, técnicos e pós técnicos na área da construção civil. Com isso, indicar pontos chave para ações que valorizem as carreiras de nível médio se tornam importantes, sendo apontados, neste estudo, conforme evidências empíricas, no campo político, o resgate do “orgulho pela arte de construir” e o protagonismo Institucional no campo profissional como possíveis pontos chave. No campo tecnológico, a atualização técnica de docentes e estudantes, e no campo Institucional, a formação de parcerias com empresas são possíveis pontos chave que se encontraram evidências na história do Curso Técnico em Edificações do Câmpus Pelotas do IFSUL. Esta pesquisa buscou, por meio da reflexão histórica indicar possibilidades de atuação das Escolas para valorizar as carreiras técnicas de nível médio, não esgotando o assunto, mas abrindo um leque de possibilidades para estudos posteriores, contribuindo assim para o engrandecimento da Rede Federal e para a valorização da carreira de Técnico em Edificações

Palavras-chave: Educação; Educação Profissional; Rede Federal; IFSul; Construção civil; Conselho Federal dos Técnicos Industriais; CFT.

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